quinta-feira, 28 de junho de 2007

Aldeia Indígena recebe tocha



Ritual emocionante marca passagem da chama dos Jogos Pan Americanos por Campo Novo dos Parecis-MT

Uma comovente cerimônia movimentou a aldeia Quatro Cachoeiras, no município de Campo Novo do Parecis (MT) na manhã desta quarta-feira. Pela primeira vez na história dos Jogos Pan Americanos, uma aldeia indígena recebe a tocha olímpica. A solenidade de acendimento da pira do fogo ancestral pelas tochas do Pan e do fogo indígena, levou centenas de pessoas às margens do sagrado Rio Sacre. Além de ter recebido a tocha do maior evento esportivo do país, a cidade é palco da primeira edição dos Jogos Interculturais Indígenas do Mato Grosso.

O acontecimento que parou a pacata cidadezinha de 20 mil habitantes agitou toda população e significou um marco para o esporte em Mato Grosso. A solenidade inédita no continente, contou com a presença do governador Blairo Maggi, o cacique João Narciso, representantes do Comitê Olímpico Rio 2007 e indígenas de nove etnias, além cerca de 50 profissionais da imprensa de todo o Brasil e do exterior.


Localizada a 33 km da área urbana de Campo Novo, a Aldeia Quatro Cachoeiras, preparou um cenário à altura de receber a tocha do Pan. Um totem simbolizando a entidade mitológica Imbira-Sil (Guardião da Floresta) com uma pira, foi esculpido especialmente para a solenidade.

A chama da tocha do Pan, que chegou a Campo Novo por volta das sete da manhã, foi recebida pelo prefeito local Sérgio Beber Costa Stefanelo que, acompanhado do governador, se dirigiu para a aldeia Quatro Cachoeiras, onde foi formada uma grande concentração. O que se viu a seguir foi um ritual preparado pelos próprios índios.

Indígenas de nove etnias realizaram um desfile de abertura, são elas: Paresi-Haliti, Bakairi, Manoki, Umutina, Terena, Xavante, Rikbaktsa, Enawenê-nawê e Nhambiquara. Houveram apresentações de danças tradicionais e rituais espirituais. A chama foi criada através do método primitivo, por fricção de madeiras.

O governador Blairo Maggi, com cocar na cabeça, assistiu a toda a solenidade e se emocionou. “É uma honra muito grande para nos mato-grossenses representar todas as nações indígenas num evento de tamanha grandiosidade que é o Pan”. O cacique João Narciso, da aldeia Quatro Cachoeiras, tomou a palavra para invocar o respeito à natureza e aos rios, defendendo a preservação das terras indígenas. “Esperamos que o presidente Lula tenha mais respeito com o índio e demarque nossas terras. Estamos fazendo nossa parte cuidando dos rios”.

Para os indígenas, o fato de fazer parte da festa do Pan, pela primeira vez foi um acontecimento histórico. “Hoje, todos nós nos sentimos brasileiros, voltamos às nossas origens”, resumiu Carlos Terena, coordenador geral da cerimônia indígena e dos Jogos Interculturais.
No período da tarde, as atenções se voltaram para o revezamento da tocha Pan-Americana pelas ruas e avenidas de Campo Novo. O revezamento – que mobilizou nove alunos e um indígena – terminou no estádio Ary Tomazelli, onde aconteceu, no final da tarde, a abertura dos I Jogos Interculturais Indígenas, envolvendo aproximadamente 400 participantes indígenas e a população local que compareceu em peso ao evento.

terça-feira, 26 de junho de 2007

Sadismo como forma de amor



Análise das protagonistas nos filmes “Ondas do Destino”, “Dançando no Escuro” e “Dogville”, de Lars Von Trier

As mulheres nos filmes de Lars Von Trier são muito parecidas. Características comuns entre essas mulheres não faltam. Seria Lars Von Trier um louco que odeias as mulheres e por isso as fazem sofrer tanto em seus filmes? Ou apenas um diretor que consegue retratar a verdadeira realidade da mulher dentro da preconceituosa sociedade machista que nos cerca? Sofrimento é a palavra chave para descrever a personalidade dessas mulheres tão complexas.

O primeiro filme a ser analisado é “Ondas do Destino”, de 1996. Numa pequena comunidade do litoral da Escócia, profundamente reprimida por princípios religiosos, a jovem Bess, vivida pela atriz estreante Emily Watson se apaixona por um operário de uma plataforma petrolífera da região. Apesar de muitas resistências de ambos, os dois se casam. Mas logo nos primeiros dias de casados, seu marido sofre um acidente que o deixa imóvel e impedido de ter relações sexuais. Penalizado com a situação da mulher, ele pede a ela que faça sexo com outros homens e conte para ele os detalhes mais sórdidos. Acreditando que suas ações são guiadas pela vontade divina, Bess se entrega a um comportamento sexual que, ela imagina, fará com que seu marido se recupere.
Já o segundo é protagonizado pela cantora e “pseudo-atriz” Björk Guðmundsdóttir. Selma, interpretada por Björk é uma operária que está ficando cega por causa de uma doença hereditária. Angustiada em saber que seu filho também irá ter a doença, ela se entrega numa jornada de trabalho, sem descanso para poder conseguir o dinheiro para a cirurgia que curará a doença de seu filho. Sempre guiada por sua amiga, Kathy, vivida por Catherine Deneuve, sua única diversão é ir ao cinema e participar de ensaios de um grupo de teatro. Quando Selma menos espera, o dinheiro que ela guarda para a cirurgia de seu filho é roubado. É aí então, que ela se entrega a um sofrimento que poderia ser evitado, não fosse a traição de um dos seus “amigos”.

Como nos outros filmes do diretor, já citados anteriormente, a mulher é uma vítima de uma sociedade machista, marcada pela ganância dos homens. Passado nos Estados Unidos pós crise de 1929, perseguida por gângsteres. Durante a fuga, a jovem chega à cidadezinha de Dogville, no alto das montanhas rochosas. Ao chegar à cidade é mal recebida pelos moradores, mas aos poucos é aceita em troca de favores. A partir daí, Grace passa a trabalhar para cada uma das famílias do vilarejo, numa relação que com o tempo, se aproxima da escravidão. Em troca de proteção e de não ser entregues aos gângsteres, ela se sujeita ao tratamento desumano que é submetida.

Nos três filmes analisados, percebemos claramente semelhanças em todas as personagens. Percebo algumas semelhanças entre a situação das mulheres de Lars Von Trier e a descrição de Edgar Morin no livro Cultura de Massas do Século XX Necrose, para os ditos “heróis” nos filmes:

"Na universal e milenar tradição, o herói, redentor ou mártir, ainda redentor e mártir, fica sobre si, às vezes até a morte, a infelicidade e o sofrimento. Ele expia as faltas do outro, o pecado original e apazigua, com seu sacrifício, a maldição ou cólera do destino. A grande tradição precisa não só do castigo dos maus, mas também do sacrifício dos inocentes, puros e generosos" (Morin, 1975 p. 93)

A violência, tanto física, quanto moral e psicológica contra a mulher são muito exploradas nos três filmes, chegando ao extremo, ao limite em todos os três casos.: à loucura de Bess, no primeiro filme, “Ondas do Destino”, à morte de Selma, em “Dançando no Escuro” e ao ódio mortal, que resulta em vingança, de Grace, em “Dogville”.

Onde comer depois da balada?


Com o número de lanchonetes abertas durante a madrugada em ascensão, os baladeiros de Brasília têm lugar garantido para matar a fome e prolongar a festa

Seja para renovar as energias perdidas depois de horas dançando ou simplesmente para extender a farra, comer depois de alguma festa já virou praticamente regra para os baladeiros da cidade. Com o aumento de opções abertas durante a madrugada, achar um lugar aconchegante e movimentado para recarregar as energias já não é uma tarefa difícil.

Baladeiro assumido e fã de fast food, Felipe Monteiro, 24, afirma que sair para comer depois de alguma festa já virou uma espécie de ritual sagrado. "É impossível não comer alguma coisa depois de uma festa. Depois de dançar horas e horas, eu só penso em comer". O estudante relembra um episódio engraçado numa dessas comilanças noturnas: "Estávamos em quatro pessoas, eu, uma amiga e um casal de namorados. Entramos e sentamos em uma lanchonete famosa da cidade e como já eram quase 6h da manhã, os funcionários estavam limpando e fechando a loja. Eles praticamente nos expulsaram jogando água. Pensei até em processar a lanchonete, mas como já era tarde demais, percebi que éramos nós os errados da história", contou.

Já o jornalista Emanuel Santos, 25 prefere dar prioridade para a bebida, mas se consegue economizar algum dinheiro depois da farra noturna, sempre dá uma passada em algum point da cidade para matar a fome. "Se sobrar uma grana depois de ter gasto tanto com bebidas durante uma festa, eu não penso duas vezes em comer". Emanuel destaca ainda os lugares mais freqüentados no Plano Piloto pelos jovens brasilienses. "Percebo que a maioria das pessoas, assim como eu, prefere o Giraffas, porque eles têm mais opções de lanche, mas se estiver fechado, corro direto para o Cachorro Quente do Chico, na 109 Sul".

Ao perceberem que a procura por locais abertos durante a madrugada cresceu, algumas lanchonetes da cidade adaptaram seus horários aos dos famintos noturnos. É o caso do Giraffas, na 210 Sul, que a pouco mais de um ano, passou a funcionar das 11h às 6h. Com mudança no horário de funcionamento das lanchonetes, não são somente os baladeiros da cidade que ganham ao poderem prolongar a balada, mas principalmente os comerciantes.

O supervisor da lanchonete Marvin, da 103 Sul, João Soares destaca que o faturamento do estabelecimento aumentou consideravelmente depois que a loja mudou o horário de atendimento. "Agora, funcionamos até o último cliente, que chega por volta das 4h da manhã. De madrugada a loja fica mais movimentada, geralmente uma turma chama a outra e assim tanto o número de freqüentadores como o lucro aumentou”, afirmou.

Miquéias, o point de Taguá

Bastante conhecido em Taguatinga, um dos locais mais badalados durante a madrugada é o Hot Dog do Miquéias, localizado no centro, logo na entrada da cidade. A história do point mais movimentado da cidade começou por acaso, há 12 anos, quando em busca de uma renda extra, Miquéias Fraga, 32, resolveu comprar um carrinho de cachorro quente.

No início, Miquéias trabalhava sozinho e atendia a poucos clientes. Com o aumento da popularidade, o local foi crescendo e hoje virou um amplo quiosque fixo, que funciona 24 horas por dia, emprega 15 atendentes e chega a atender cerca de mil pessoas nas noites de sextas e sábados, dias de maior movimento.

O sucesso do negócio é tão grande que recentemente, o proprietário implantou o sistema de entrega em casa. “Como o movimento aqui já é grande, senti a necessidade de alcançar também aquele cliente que não quer sair de casa”, disse Miquéias.

Se engana quem pensa que o Hot Dog do Miquéias atende somente aos baladeiros de plantão. Ainda de acordo com Miquéias, o local recebe a vários públicos diferentes. “Aqui existem todo tipo de clientes, desde a família que procura um lanche diferente até os casais mais velhos. Mas a unanimidade aqui são os jovens, que estão sempre indo ou vindo de alguma balada”, finalizou.

O casal de namorados Rodrigo Almeida, 24 e Alessandra Souza, 18 são freqüentadores assíduos do Hot Dog do Miquéias não somente nos fins de semana, mas principalmente durante os dias de trabalho. “Vejo que o local já virou tradição aqui em Taguatinga. Mesmo morando em Ceilândia, costumo vir aqui pelo menos cinco vezes por semana, sempre depois do trabalho e é claro, antes e depois de alguma festa, para recuperar as energias”, afirmou o publicitário Rodrigo.

A qualidade e o preço dos sanduíches são apenas alguns dos fatores que levam as pessoas a procurarem o local. Um exemplo é o do estudante Alan Vicente, 17, que vai ao mesmo local com a namorada há quase dois anos. “Aqui tem o melhor cachorro quente da cidade e o melhor preço. Além disso, o local é bastante movimentado e tem muita gente conhecida. Aqui é o melhor point de encontro a cidade”, concluiu.

segunda-feira, 18 de junho de 2007

I Jogos Interculturais Indígenas do Mato Grosso



Indígenas de todo o país se encontram para celebrar a cultura indígena. Além do resgate das tradições dos povos, encontro também será palco da passagem da tocha dos Jogos Pan-americanos Rio 2007


Com o patrocínio do Governo do Estado do Mato Grosso, a Prefeitura de Campo Novo do Pareci,através da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer e com a parceria do Comitê Memória e Ciência Indígena, acontece entre os dias 27 e 30 de junho na cidade de Campo Novo do Pareci, a primeira edição dos Jogos Interculturais Indígenas do Mato Grosso.

Participarão cerca de 400 atletas indígenas, de 10 etnias. São elas: Bakairi, Enawenê-Nawê, Manoki, Nhambikwara, Paresi Haliti, Rikibaktsa, Umutina e Xavante Como convidados especiais estarão presente ainda os Assurini-PA e Terena-MS, que farão apresentações especiais nas cerimônias culturais.

Ao todo, serão onze modalidades esportivas: Arco e Flecha, Natação, Lutas Corporais, Canoagem, Arremesso de Lanças, Cabo de Força, Corrida de Tora, Corridas - Velocidade (100mts), 4x 100m, Resistência (5.000 metros), Futebol de Campo e as tradicionais Jikunahati e Tihimore.

No dia 27, além da abertura oficial do evento, acontecerá também o tradicional ritual do fogo indígena às margens do Rio Sacre, na Aldeia Quatro Cachoeiras, terra indígena Utiariti, do povo Wenakalati Zalakakua Wamolu. A cerimônia, marcada para às 9h48, marca a rota da tocha dos XV Jogos Pan-americanos Rio 2007, que passará ao todo por 28 capitais e 22 localidades brasileiras, totalizando 51 pontos de passagem. Será um momento único, histórico e marcante sob o aspecto desportivo e cultural para as populações indígenas do Brasil.